* Por Renato Balduíno
Quem aceitar sair dela pode descobrir um novo rumo de carreira, com desafios, projetos interessantes e remuneração atraente
Desemprego, recessão e crise. Palavras pesadas que roubaram a cena nos últimos tempos. As estatísticas estão aí para quem quiser conferir a precisão dos números, que não são bons, já sabemos. Mas há outras realidades, quase um mundo paralelo, onde as oportunidades existem e para agora. Um universo que atende pelo nome de interior. Quem aceitar sair da zona de conforto, que de confortável muitas vezes não tem nada além do nome, pode descobrir um novo rumo de carreira, com desafios, projetos interessantes e remuneração atraente.
O agronegócio é outro ator dessa trama. Ele responde por cerca de 25% do PIB nacional. Dos dez produtos mais exportados pelo Brasil, sete são do agronegócio. Ele foi um dos que mais contribuiu positivamente na balança comercial do país. E junto desses números, temos desafios, posições de trabalho mas, sobretudo, excelentes oportunidades. Sim, o agronegócio precisa de profissionais experientes, capazes de exercer liderança inspiradora, profissionais que ajudem a organização a alcançar os objetivos estratégicos e alavancar resultados. Cresce a região, a empresa e cresce também o indivíduo, que ganha a chance de realizar algo que agrega valor à sua história pessoal e profissional.
A saída desse labirinto passa, no entanto, por esquecer a sala ampla nas capitais e calçar botinas. Esse profissional, desejado e bem valorizado, precisa ir para próximo das operações. Seu expediente diário será provavelmente no interior de Minas Gerais, de Goiás, Mato Grosso e outros Estados, inclusive São Paulo. Lá, atrás da montanha encontra-se uma cadeira à espera desses executivos. Diretores e gerentes maduros para abraçarem um projeto de grande desafio e ajudar a equilibrar esse descompasso. Muitas grandes corporações já transferiram uma parcela significativa do seu staff para longe dos grandes centros. Raízen, Cargill, Cofco, por exemplo, já se estabeleceram em Piracicaba (SP), Uberlândia (MG) e São José do Rio Preto (SP), respectivamente.
Os desafios passam também pelo desenvolvimento das pessoas que estão fora do eixo das capitais. Como certeza elas darão um salto em suas competências quando acompanhadas por líderes preparados, que sabem compartilhar conhecimento, atuando como verdadeiros propulsores do desenvolvimento profissional.
Com certeza esse tipo de decisão envolve diferentes variáveis. Um profissional que está diante dessa oportunidade precisa, muitas vezes, ouvir a família, considerar as oportunidades de 'ganha-ganha' para todos do núcleo familiar, avaliar o projeto e suas chances de sucesso. Como essa posição soma valor à sua carreira é outro aspecto a considerar. As empresas do agronegócio também já entenderam que precisam fazer a sua parte para que essa relação tenha sucesso. Muitas têm buscado propiciar condições de atratividade para esses executivos. Posso assegurar que eles vêm se esforçando muito, sendo inovadores e flexíveis nesse sentido. Mas, diante da mudança radical que os empregos têm sofrido, o que está em jogo muitas vezes é entender esse novo caminho também como uma forma de manter-se no jogo.
Muitos acordos de trabalho hoje em dia, considerando o nível do profissional, são fechados por projetos. Isso pode não ser uma situação favorável para quem enxerga estabilidade como um atributo indispensável, mas é uma ferramenta de autogestão de carreira para quem aceita e lida bem com desafios, para quem se automotiva com o inovador e se sente seguro para ser condutor do seu próprio destino. Ao escolher esse caminho, de profissional mais independente, recomendo uma boa avaliação de suas ambições, planos futuros e empregabilidade. Nem todos querem trabalhar com contratos que têm tempo definido de começo e fim.
A chance de fazer uma nova história, enriquecedora em todos os sentidos, pode não estar exatamente onde você imagina.
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