25 agosto, 2016

Os 7 pecados capitais do currículo, segundo recrutadores*

* Por Claudia Gasparini


“Nunca julgue um livro pela capa” é uma máxima que se aplica a muitos contextos. Mas não ao universo do recrutamento.

Como é impossível fazer diferente, headhunters julgam e até eliminam candidatos apenas com base em suas "capas"  — ou melhor, seus currículos.

Falhar na composição desse documento pode ser fatal, ainda que você tenha uma trajetória profissional invejável e adesão completa à vaga oferecida.

Enquanto alguns detalhes são sutis, outros são mais evidentes. Confira a seguir os “pecados capitais” da elaboração de CVs, segundo especialistas no assunto:

1. Falta de revisão
Uma pesquisa recente da consultoria Robert Half mostrou que apenas dois erros de digitação no currículo bastam para eliminar um candidato. Segundo Ricardo Karpat, diretor da consultoria Gábor RH, pecar na revisão do documento significa passar um atestado de descuido e pouco profissionalismo.

“Infelizmente, erros de digitação, português ou até inglês são bastante comuns em CVs”, explica. “É um tipo de problema que prejudica muito a imagem que o recrutador acaba fazendo do profissional”. Para evitar gafes, é melhor passar um “pente fino” no documento e até pedir para outra pessoa lê-lo antes de encaminhá-lo para potenciais empregadores.

2. Ausência (ou excesso) de dados
Quem não relê o próprio CV ainda corre o risco de omitir algumas informações obrigatórias. “Muita gente se esquece de colocar dados básicos, como telefone e e-mail”, diz Felippe Virardi, gerente da consultoria de recrutamento Talenses. “Às vezes gostamos do profissional, mas não conseguimos entrar em contato com ele para marcar uma entrevista por causa disso”.

O outro extremo também é problemático. Alguns candidatos incluem dados pessoais como religião ou número de filhos, RG, CPF, perfis em redes sociais não-profissionais e uma enxurrada de outras informações que tornam o documento confuso e cansativo.

3. Extravagância visual
Outro erro grave está em exagerar na “decoração” do documento. “Alguns candidatos querem fazer obras de arte, com muitas cores, fontes, logos e imagens, mas isso vale apenas para vagas da indústria criativa, como publicidade ou design”, afirma Karpat.

De forma geral, o visual do currículo deve ser limpo, claro e sóbrio. Você já sabe o que isso significa: papel branco, texto na cor preta e fontes tradicionais como Arial ou Times New Roman. “Enxergue o currículo como a roupa que você usaria numa entrevista de emprego”, diz o especialista. “Você não iria com uma blusa cheia de estampas e cores berrantes, iria com um visual mais comedido e social”.

4. Prolixidade
Imagine que você você decidiu ler a sinopse de um filme para decidir se quer vê-lo ou não. O texto não pode ser longo demais: ele deve apenas revelar as informações básicas da história e, ao mesmo tempo, atiçar a sua curiosidade para ir ao cinema.

O mesmo princípio vale para currículos. O objetivo do documento é resumir a sua carreira e, ao mesmo tempo, provocar o desejo do recrutador em conhecer você pessoalmente. O oposto é encher folhas e mais folhas com detalhes irrelevantes. Para Virardi, um bom currículo não deve ocupar mais do que duas páginas, independentemente do tempo de experiência do candidato.

5. Mentira
Outro pecado mortal é faltar com a verdade para disfarçar problemas ou lacunas na sua carreira — uma artimanha fadada ao fracasso. “Hoje é muito fácil checar informações, conversar com outros recrutadores”, diz Virardi. “Uma hora ou outra, o candidato será pego na mentira”.

Ainda assim, o expediente é comum: seja ao exagerar o domínio do inglês, seja ao omitir um período de desemprego, muitos candidatos insistem em rechear seus currículos com ficção. As consequências para a carreira são nefastas. Além do óbvio prejuízo para o processo seletivo em questão, a falta de sinceridade quebra a confiança entre o candidato e o mercado de forma geral, por tempo indeterminado.

6. Autoelogio
Os recrutadores ouvidos por EXAME.com são unânimes na percepção de que um currículo não deve conter nenhum tipo de autoavaliação sobre o comportamento do candidato. Dizer que você é “criativo”, “dinâmico” ou “incansável”, por exemplo, é inútil: ninguém vai acreditar se é você mesmo quem está falando. Além disso, a presença desses adjetivos denota vaidade ou até falta de autoconhecimento.

E se o elogio tiver sido dado por uma outra pessoa, como um ex-chefe ou cliente? Segundo Virardi, é melhor deixar para compartilhar essas histórias na fase da entrevista. Cara a cara com o recrutador, você poderá explorar outros recursos da linguagem, como o tom de voz e as expressões faciais, para não parecer pretensioso.

7. Desorganização
“Se o profissional não consegue selecionar e ordenar informações para produzir o próprio currículo, fica em xeque sua capacidade de cumprir outras tarefas de forma eficiente”, diz Karpat. Por isso, um CV com conteúdo embaralhado ou cheio de lacunas inexplicáveis é um forte candidato à eliminação.

Não organizar as suas passagens profissionais em ordem cronológica é um dos erros mais graves e comuns. Segundo o recrutador, essa falha na estrutura compromete a leitura e a compreensão do CV, assim como omitir datas ou a duração de cada emprego.

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